
Créditos: Fernando Moyses
Desde 2023, São Paulo lidera o ranking de estados com maior número de pessoas em situação de rua, com quase 90 mil pessoas, representando um aumento de mais de 25 mil pessoas em relação a 2023, segundo a CNN, com base nos estudos feitos pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua. Tal aumento acaba representando uma espécie de crise social e econômica.
A população de pessoas em situação de rua vem aumentando a cada ano e isso não deveria ser surpresa para ninguém. Por exemplo: em 2013, São Paulo tinha cerca de 7,800 pessoas em situação de rua, mas até novembro de 2024 esse número subiu 1041%. Para se ter uma ideia, no final de 2024, o número de pessoas em situação de rua em todo o território nacional chegou a 327 mil. O u seja, São Paulo é responsável por quase um terço dessa população.
De acordo com os resultados de uma pesquisa amostral, feita pela própria prefeitura da cidade, há diversos motivos que contribuem com a ida de pessoas para a rua, sendo os principais: conflitos familiares (40,9%), dependência química (33,3%) e perda do trabalho (25,8%).
O Governo Federal destinou cerca de R$1 bilhão para ações com a população em situação de rua, contemplando o acesso ao programa “Minha Casa, Minha vida”, destinação de imóveis da União, a criação do Programa Nacional Moradia Cidadã e o projeto-piloto do programa “Moradia Cidadã”, dando prioridade para famílias com crianças e mulheres gestantes.
Dentre as principais causas de tal aumento está a pobreza, que é a principal causa de pessoas que acabam parando nas ruas por não conseguirem pagar muitas vezes por alimentos, estadia, necessidades básicas, entre outros.
Cláudio Santos, de 47 anos, afirmou viver nas ruas há pouco mais de dois anos, após ter perdido seu emprego, o que o impediu de seguir pagando um aluguel. Cláudio, anteriormente a ir para as ruas, trabalhava como auxiliar de pedreiro e ficou na profissão por aproximadamente 6 meses.
Cláudio atualmente mora sozinho na região do Campo Belo, mas comentou sobre sua família: “Tenho meu filho Samuel, de 6 anos. Vejo ele com menos frequência do que gostaria, mas o pouco que eu vejo já me dá forças para continuar lutando. E a Adriana, minha irmã mais nova que deve ter uns 40 anos agora, mas não tenho contato desde que minha mãe faleceu, há uns 10 anos”.
Todas as pessoas em situação de rua sofrem com desafios todos os dias e tem de se sobressair cada vez mais para conseguirem se manter de pé. Cláudio, por exemplo, tem o medo como seu maior medo: “Tenho muito medo de acabar caindo no mundo das bebidas ou das drogas como muitos fazem”.
De acordo com os Dados Nacionais, 35,5% da população em situação de rua faz uso de bebidas alcoólicas ou de outras drogas.
De acordo com um levantamento dos Médicos Sem Fronteiras, apenas 1% das pessoas em situação de de rua é pedinte e 1,5% já praticou roubos e furtos, porém mais de 55% trabalham, seja catando latinhas, ou até mesmo fazendo “bicos” como lavar carro ou vender coisas na rua. Cláudio, por exemplo, trabalha como catador de latinhas há aproximadamente um ano e meio: “Pego latinha todo dia, aí depende, tem dia que dá uma grana e tem dia que é fraco.”
Para Marcos Paulo, de 41 anos, uma de suas maiores dores de estar em situação de rua é, segundo ele, de ser visto pela sociedade como um “lixo” que tem que ser retirado daquele espaço. (Não tem frase dele falando disso?)
Quando perguntado, Marcos falou sobre suas maiores dores: “Disparado a maior dor é que muita gente me vê como um lixo que precisa sair daqui. Mas também sinto muita falta das pessoas, as vezes me sinto meio sozinho.
Muitas das pessoas em situação de rua pretendem voltar para suas casas, para que possam assim, retomar suas vidas, tratar de suas doenças e vícios e poder, principalmente, voltar para suas famílias.
Marcos está nessa condição desde o início da pandemia, quando foi demitido do local em que trabalhava e, como Cláudio, não pode mais arcar com suas dívidas e teve de se instalar na rua, com sua família: a esposa Luciana, seus filhos José de 3 anos, André de 12 anos e sua filha Bianca, de apenas 3 meses: “Foi o momento mais difícil de nossas vidas, saímos de uma vida – claro que sem luxos – mas sem faltar nada.”
Quando se fala sobre as dificuldades de ser uma pessoa em situação de rua, Marcos afirma que o maior desafio é ver seus filhos naquele estado sem poder fazer nada para ajudá-los.
Atualmente, o distrito do Campo Belo ocupa a vigésima sexta posição de bairros com maiores pessoas em situação de rua.
A prefeitura de São Paulo iniciou um novo programa para lidar com a população em situação de rua, chamado “O Plano Pop”, que tem como objetivo ter um instrumento de acolhimento voltado para as pessoas em situação de rua. Além disso, há outros programas, como o Programa Redenção, que é uma política pública, que envolve ações voltas à saúde das pessoas.
Claro, ainda existirão diversas pessoas em situação de rua, mas cabe ao governo por ações em prática que possam ajudar quem queira ser ajudado, proporcionando empregos, moradias, alimento e higiene básica para essas pessoas.