Zona Norte: Tucuruvi enfrenta colapso estrutural durante as chuvas

A Zona Norte de São Paulo, especialmente o Tucuruvi, enfrenta danos estruturais graves devido às chuvas, colocando a segurança dos moradores em risco e demandando intervenções imediata

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Falta de drenagem e descaso nas vias públicas expõe fragilidade da infraestrutura no distrito. Moradores da região enfrentam graves alagamentos.

Desde o início do verão, no dia 21 de dezembro, as fortes chuvas têm sido recorrentes na capital paulista. A Zona Norte de São Paulo enfrenta alagamentos severos, e os moradores, assim como quem frequenta a região, têm tido que lidar com a falta de estrutura para o enfrentamento dessas intempéries, especialmente no que se refere ao transporte público.

No dia 24 de janeiro deste ano, uma chuva extremamente forte atingiu toda a cidade, deixando rastros de destruição por onde passou. A tempestade foi tão intensa que, pela primeira vez, a Defesa Civil emitiu um alerta para a população se proteger. Durante as enchentes, várias estações do metrô, especialmente na Zona Norte, enfrentaram grandes dificuldades. Funcionários das estações Tucuruvi e Jardim São Paulo relataram suas experiências sobre esta situação inusitada e desordenada.

Pátio da Subprefeitura do Tucuruvi Créditos Diego Lima

Camila da Silva Duarte, funcionária do metrô da estação Tucuruvi, descreveu o caos enfrentado pelos passageiros durante o alagamento que durou cerca de seis horas. Segundo ela, os passageiros estavam desorientados não havia qualquer condução por parte das autoridades. “Nenhuma autoridade nos encaminhou para o que deveria ser feito. Nem a Defesa Civil, nem algum secretário. Apenas os nossos superiores, que estavam lá na hora, tiveram que dizer o que fazer”, relatou Camila.

Leonardo Paim, funcionário do metrô da estação Jardim São Paulo, também compartilhou a experiência. Ele destacou que a estação foi uma das mais afetadas, o que foi muito assustador para os passageiros. “A situação foi caótica. As pessoas estavam desesperadas, sem saber como sair da estação”, disse.

Ambos os funcionários enfatizaram a falta de estrutura do metrô para lidar com o volume de água que atingiu e atinge as estações durante as chuva. Segundo Leonardo a drenagem é insuficiente para a vazão da água.

Estação Jardim São Paulo – Ayrton Senna Créditos: Diego Lima

De acordo com a Lei 12.526, de 2007, uma alternativa importante para mitigar os impactos das chuvas e melhorar a infraestrutura urbana é a implantação de sistemas para a captação e retenção de águas pluviais em áreas com mais de 500 m2 de impermeabilização. No caso da Zona Norte, onde a falta de drenagem adequada tem gerado alagamentos, como no distrito do Tucuruvi, a lei pode ser uma ferramenta crucial para aliviar o impacto das chuvas.

Em entrevista com Jéssica Alves, diretora geral da Unidade da Subprefeitura do Tucuruvi, compartilhou algumas das ações que estão sendo adotadas para melhorar a comunicação com a população e prevenir futuros alagamentos. A diretora destacou que a prefeitura tem investido em tecnologia para facilitar o envio de alertas em tempo real para os moradores da região, especialmente em relação às condições climáticas. “Estamos utilizando monitoramento por celular e pelas redes sociais, como o Instagram, para manter a população orientada durante os períodos de chuva intensa”.

De acordo com Félix Marques, engenheiro da mesma Subprefeitura, existe uma necessidade urgente de reforçar a macrodrenagem na área, com a implementação de grandes tubulações que possam escoar as águas das chuvas para os córregos próximos. Ele explicou que, para resolver esse problema, seria necessário o uso de tubulações de grandes dimensões, com diâmetro superior a um metro, ou até células de drenagem de 3 X 2 metros. Essas “mega-tubulações” seriam responsáveis por conduzir a água de forma eficiente, evitando que ela se acumule nas ruas e áreas subterrâneas da cidade.

Sala de reuniões da engenharia da Subprefeitura do Tucuruvi. Créditos Diego Lima

Félix fez questão de destacar que as pesquisas e projetos para o reforço da macrodrenagem já estão em andamento. Ele sugeriu que os interessados em obter mais informações sobre os estudos técnicos e as soluções planejadas acessem o site da Secretaria de Infraestrutura Urbana (SIURB). Dentro do site, e possível consultar o “Cadernos de Drenagem” e encontrar detalhes sobre a bacia do Córrego do Carandiru, Dentro do site, é possível consultar os área que precisa de obras significativas, como a construção de piscinões, para resolver as questões de drenagem na região do Jardim São Paulo, o site é atualizado de forma recorrente e é aberto para a população como forma de prestação de contas.

A estação do metrô foi projetada de forma subterrânea, o que contribui para o agravamento dos problemas de drenagem. Félix afirmou que apenas uma galeria de drenagem não é suficiente para suportar os grandes volumes de água que caem na região durante as chuvas fortes. Ele enfatizou a necessidade de obras complementares, como a ampliação da galeria e a construção de piscinões até o Parque da Juventude, como parte de um projeto mais amplo de drenagem da bacia do Córrego do Carandiru.

O engenheiro ainda estimou que o custo total caso as obras de infraestrutura sejam realizadas, giraria em torno de cerca de R$ 600 milhões, com a execução acontecendo de forma gradual ao longo dos próximos anos.

Ainda de acordo com Félix, a Subprefeitura tem trabalhado para realizar a zeladoria e limpeza da área, incluindo o trabalho das equipes de remoção de entulho e limpeza das ruas. Contudo, destacou que, apesar desse esforço, o problema da drenagem persiste. A subprefeitura tem investido em uma solução paliativa, que consiste em uma obra menor para redirecionar a água que entra na estação e canalizá-la para uma galeria ou piscinão, possivelmente no Clube Jardim São Paulo. No entanto, segundo ele, essa medida não resolveria completamente o problema, sendo necessário um investimento considerável para melhorar a infraestrutura de drenagem da região a longo prazo.

Com a previsão de que as obras de drenagem possam levar anos para serem concluídas, a recomendação de Félix é que o governo de São Paulo invista prioritariamente no reforço da infraestrutura para evitar que as enchentes voltem a prejudicar novas enchentes no metro.

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