Zona Oeste: bairro de perdizes contra a remoção em massa de árvores ordenada pela prefeitura de SP

Moradores de Perdizes se mobilizam contra decisões da Prefeitura de São Paulo que prevê o corte de dezenas de árvores no bairro.

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Na região de Perdizes, moradores lutam contra a decisão da prefeitura e de grandes imobiliárias de desarborizar o bairro.  A região de Perdizes, na zona Oeste de São Paulo, sofre com problemas ambientais e a pauta é bastante discutida entre moradores e a subprefeitura. Nos últimos cinco anos, o bairro sofreu com grande número de que para os moradores, é um crime ambiental desnecessário e que afeta a vida de quem mora nos arredores.

Segundo a própria prefeitura da cidade de São Paulo, desde o mês de janeiro do ano passado, centenas de árvores foram cortadas na região. O crescimento do desmatamento se deve ao aumento da construção de prédios de luxo. No momento, mais de cem arvores foram cortadas e os números ainda podem crescer se não houver interferência da prefeitura ou de Órgãos responsáveis pela preservação do meio ambiente. Na rua Sebastião Cortes, localizada perto da avenida Sumaré, mais de 2.000 m2 de bosques foram desmatados para a construção de um novo condomínio.

foto da área desmata na região da sumaré Foto de Álvaro Ornelas

 

A região de perdizes sofre com sérios problemas de verticalização acelerada no bairro. Arvores e quarteirões estão sendo arrasados, para dar lugar a torres altas e condomínios de luxo. Na mesma rua Sebastião Cortes, trabalha Edson sobrenome, de 62 anos. Ele é porteiro de um prédio antigo localizado perto de onde as árvores foram derrubadas. “Muitos moradores reclamaram dessas derrubadas. Era muito barulho e sempre tinham caminhões que atrapalham a movimentação dos moradores pelas ruas.”, conta Edson.

O porteiro também notou o aumento dos empreendimentos no último período, “Trabalho aqui há sete anos e nunca vi nada igual, vários prédios sendo construídos ao mesmo tempo e várias árvores sendo derrubadas”.

As imobiliárias que trabalham na comercialização desses prédios, pouco se manifestam em relação ao desmatamento da vegetação original. O Ministério Público, argumenta que o local onde o empreendimento está sendo construído (rua Sebastião Cortes) é coberto, em grande parte, por vegetação de preservação permanente, ou seja, arvores nativas da própria região de perdizes. Por enquanto, a Justiça ainda não determinou oficialmente, medidas para impedir a aceleração desses projetos.

Moradores e ativistas trabalham contra essas decisões da prefeitura e das imobiliárias que trabalham nesses projetos de verticalizar perdizes. Até agora, nenhuma medida concreta foi estabelecida, o que revolta moradores que pedem por um bairro mais organizado e sustentável. O projeto Coletivo União Perdizes é um dos vários perfis que lutam contra a devastação dos bosques na região de Perdizes. Nas redes, esse coletivo sempre é muito ativo e se manifesta contra as decisões tomadas pela prefeitura, que beneficiam as grandes construtoras privadas. Segundo o próprio perfil do grupo, “A área verde (do bairro) é importante porque abriga árvores centenárias e de alto valor histórica, serve de habitação para fauna e sustenta a terra do desnível que caracteriza o terreno.”

Aqui você poderia explicar essa ideia do “desnível que caracteriza o terreno”, muita gente não conhece o bairro.

Outro problema destacado pelos moradores da região, é justamente a questão de segurança que se planeja construir um novo prédio. Localizado as margens córrego Sumaré, a área se encontra em um plano inundável e que com o desmatamento, problemas ambientais podem ser provocados. A sub prefeitura afirma para as construtoras que a região, apresenta inclinação, por isso, corre mais risco de apresentar deslizamentos e inundações.

Além dos perigos ambientais, está a questão de vivência e lazer. Kelly Mello, de 52 anos, trabalha como pesquisadora no Datafolha e mora na região de Perdizes há 15 anos. Segundo ela, nos últimos tempos foi muito perceptível a mudança que atingiu o bairro. “A sensação que me traz é de calor, parece que vivo em uma panela de pressão em volta de vários prédios sendo construídos”, desabafa. Ela ainda destaca o posicionamento da prefeitura que parece não se importar com a insatisfação dos moradores da região.

Na rua Sebastião Cortes, onde uma grande obra está sendo projetada, moradores entraram em embate com a prefeitura e a construtora Namour, que financia a construção desse novo condomínio. A empresa é responsável pela construção do prédio e foi autorizada pela prefeitura a cortar 55 arvores que eram de vegetação nativa. Após duras criticas sobre a permissão do poder publico, a Namour foi aconselhada pela própria prefeitura de São Paulo a fazer o plantio de 90 mudas de espécies nativas dentro do condomínio, além de doar outras 349 arvores, ainda sem local determinado.

Foto da área desmatada, que agora vai ser ocupada por prédios 
Foto de Álvaro Ornelas

Para muitos moradores, essa medida é considerada sem sentido e criminosa. “Não faz sentido pra mim, desmatar tudo isso de árvore pra depois do prédio ser construído, quererem plantar outras no lugar, é muito triste saber que eles não fazem nada para resolver”, reforça Kelly.

Procurada pela nossa reportagem, a empresa Namour não se manifestou. Até o momento, a área se encontra toda destruída e o que restou é apenas terra e sujeira.

Projetos como o coletivo União Perdizes, lutam por um bairro mais sustentável, mas por falta de iniciativa da prefeitura, ainda veremos muitas árvores sendo destruídas, enquanto empresas privadas lucram com projetos bilionários de condôminos de luxo.

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