De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em parceria com a Coordenadoria de Informação em Saúde (CIS), a SubPrefeitura da Sé possui 28 serviços públicos de saúde, entre hospitais, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e serviços de tratamentos específicos.
A diversidade de oferta para atendimento, porém, é reduzida quando restrita ao distrito da Consolação. Os munícipes contam apenas com o Hospital Santa Casa e o Hospital das Clínicas, ambos para pronto-socorro e consultas agendadas.
Nas avaliações da internet, a Santa Casa tem 3,9 de aprovação, com diversas reclamações das esperas de horas para conseguir atendimento e grosseria por parte dos atendentes.
Cursando enfermagem na Santa Casa, a estudante que não quis se identificar conta que a demanda do hospital é realmente alta, mas os setores se organizam e conseguem fazer as coisas fluírem. “Ninguém quer estar lá por dias ou até mesmo meses. Então sim, reclamações acontecem, mas eu nunca presenciei nada que não fosse resolvido com uma ‘alta’”, afirma a jovem.
Ela ainda relata que, como local de aprendizagem, o local é excelente e os pacientes compreensíveis com estudantes. “Por ser um hospital escola, muitos pacientes já estão acostumados a serem atendidos por estudantes e isso faz com que sejam compreensíveis”.
A Santa Casa foi questionada em relação às reclamações da população, mas até o momento de finalização desta reportagem, não se pronunciou.
Já o Hospital das Clínicas tem 3,8 de aprovação, também com reclamações de demora ou até recusa de atendimento.
Misael Barbosa da Silva Filho é uma das pessoas que sofreu com a demora enfrentada no Hospital das Clínicas. Em 2013 ele sofria com fortes dores no abdômen e vômitos constantes quando foi ao hospital buscando atendimento e teve que lidar com diversos problemas. “Tive dor muito forte, a gente foi pro Hospital das Clínicas tentar atendimento e fomos barrados na porta. Tinha uns seguranças que não deixaram a gente entrar”, relatou.
“O segurança não queria deixar a gente entrar, mas como ele tava com muita dor, ele foi chamar uma atendente para avaliar a situação dele. Como ele tava bem ruim a atendente deixou a gente passar”, contou Viviane Martins, mulher de Misael que o acompanhou no dia.
O casal relata que, depois de conseguir entrar, ficaram 4 horas dentro da sala de espera sem serem atendidos. “4 horas e nada de atendimento, e então a gente veio embora. Ele não quis mais esperar, porque ele tava com muita dor pra ficar sentado lá”, disse Viviane.
Sua dor era tão forte que optou por ir a um hospital particular, onde descobriu a inflamação no apêndice e precisou ser operado às pressas. “Viram que eu estava com apendicite supurada, toda estourada, e tinha que fazer uma cirurgia de emergência, porque podia morrer”, afirmou Misael.
Ele poderia ter uma sepse, que é quando o corpo libera toxinas na corrente sanguínea para combater uma infecção e desencadeia uma inflamação dos órgãos internos, o que pode ser fatal.
“Ele fez a cirurgia e ficou internado lá no hospital 10 dias, e gastamos 22 mil reais com tudo: internação, cirurgia, medicação”, contou Viviane.
Entretanto, como justificativa para casos como esse, o portal do Hospital das Clínicas afirma que ele é uma unidade que atende casos de pacientes com doenças mais graves (como câncer) e/ou de tratamento mais complexos (como a cirurgia de redução de estômago).
Um exemplo de tratamento é de Zélia Vaz dos Reis, que tem diabetes tipo 1 e utiliza o Hospital há 21 anos como principal forma de tratamento por diversos motivos. Ela conta que entrou numa pesquisa de estudantes sobre a diabetes, e acabou sendo atendida fixamente por lá. “A princípio entrei por intermédio de uma vaga temporária. O que era só uma consulta, pesquisa de seis meses, acabei sendo efetivada e estou tratando até hoje”, afirma Zélia.
Ela relata que no processo do estudo foi requisitado um exame de sangue para consultar sua saúde, e assim descobriu outros problemas, motivo pelo qual a permitiu acessar os tratamentos frequentes no Hospital das Clínicas. “Descobriram que eu tinha Hipotiroidismo de Hashimoto. E então tive esse privilégio de ser super bem atendida, com profissionais de tamanha competência que não sei descrever”, ela afirma.
Zélia completa, dizendo que ali se sente melhor atendida que em qualquer outro convênio que já teve. Ela exemplifica, dizendo que quando teve miomas no útero, apenas o médico chefe das Clínicas conseguiu prescrever o tratamento adequado. “No convênio eles ganham muito mais dinheiro, nas Clínicas me tratam”.
Os convênios médicos são também alvos de muitas críticas, porém compõe o atendimento ofertado à população dentro do distrito. Para aqueles que possuem condições financeiras de ser conveniado da Amil, Bradesco Seguros, NotreDame Intermédica, Omint ou Unimed, há o Hospital Infantil Sabará.
Ele oferece aos pequenos atendimento de pronto-socorro, internações, consultas marcadas e exames de baixa ou alta complexidade. Há na internet relatos positivos e negativos, e as reclamações são as mesmas encontradas nos hospitais públicos mencionados.