As raízes da fé em Moema

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Paróquia São Sérgio Radonejsky Foto: Gabriel Otero

O bairro de Moema vem sofrendo nos últimos anos uma significante gentrificação. Prédios de alto padrão e novos locais comerciais vêm substituindo os antigos. Porém, esse fato não aconteceu exatamente na Rua Gaivota, onde nela se encontra a Paróquia São Sérgio Radonejsky, uma igreja ortodoxa de origem russa, que mesmo com essas mudanças, se mantém viva, há mais de 50 anos.

Ela se faz presente no meio de dois grandes edifícios residências, cercada por muros e cercas de metal, sendo uma das três igrejas ortodoxas russas que existem em São Paulo.

A história dessa igreja teve início por volta de 1920, quando muitos russos vieram para o Brasil, após a revolução da Rússia, em busca de melhorias e oportunidades. Um grupo desses imigrantes que não sabiam falar muito bem o português começou a rezar a missa na garagem de uma casa na Rua Sabiá, também em Moema.

Conforme os anos foram se passando, eles foram se estruturando, conseguindo empregos e acabaram comprando esse terreno, até construírem a paróquia, que segundo o padre Valdimir Petrenko de 50 anos, foi feita com as próprias mãos das pessoas da comunidade, em 1972.

Quando foi fundada, os prédios que a cercam hoje em dia não existiam. É rodeada por terras e pastos. “Ela não é como se fosse um comércio comum, que facilmente é substituída por algo, é consagrada pela população e possui seguidores”, afirmou o padre Valdimir, onde mora.

O local não funciona apenas para levar a fé ou passar a palavra de alguma entidade ou santo para a população local, como também trabalha com um grande papel social para a comunidade, fazendo arrecadações, bazares e almoços beneficentes em sua sede, com o intuito de arrecadar fundos para ajudar as pessoas de baixa renda.

De acordo com o padre, todos os dias pessoas necessitadas batem na porta da igreja em busca de apoio e acolhimento. Com isso, a casa sempre ajuda com alimentos, mantimentos, roupas e doações, mas nunca com dinheiro. Além de direcionar essas pessoas carentes a outras entidades como abrigos e até mesmo asilos para cuidá-los de alguma maneira.

O padre Valdimir disse que é formado em Teologia na Universidade de Nova York, nos Estados Unidos. No período em que concluiu o seminário de cinco anos, ele foi designado pelo bispo da época para esta paróquia e ingressou ao cargo em 2000. “Eu não tenho escolha, o bispo escolhe onde eu devo ir”, afirmou Petrenko.

Ele nasceu e viveu toda sua infância na região, desde quando as ruas eram de terras e se passava um córrego. Com o tempo, as ruas se tornaram de asfalto, o córrego fechou e as casas foram sumindo. Segundo Valdimir, a pior mudança que ocorreu no bairro foi o aumento no número de prédios, com intensificação nos últimos dois ou três anos, “Cada quarteirão que andar, você verá um prédio sendo construído em Moema”, completou o padre.  Durante a pandemia a igreja passou por muitas dificuldades, pois ela se manteve fechada, sem receber os fiéis. Porém, o padre não deixou de rezar a missa. Ele fazia o momento com a sua família e transmitia online para as pessoas.

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