São Paulo, chamado, terra da garoa, também é conhecida pelo caos urbano e a criminalidade que parece só piorar conforme chega mais uma primavera.
De acordo com o centro de gerenciamento de emergências climáticas, Moema é uma área baixa se comparada com arredores, com maior possibilidade de ter acúmulo de água pela sua localização e as condições geográficas somadas a má distribuição da vazagem causam as enchentes.
Uma parcela da população relaciona a chuva com um sentimento de apreensão.
Jean Rodrigues, é um rapaz que trabalha em uma empresa de segurança para alguns condomínios e prédios de alto padrão.
Ele também por acaso é morador de uma região onde mais tem alagamentos, a Mooca, e conta, que “virou apenas rotina, não dá pra ter nada, parece que em qualquer período de chuva, seremos obrigados a sair às pressas prezando pela minha vida e a da minha família. Enquanto somos obrigados a ver tudo o que conquistamos indo por água abaixo.”
Em lugares de difícil acesso, como comunidades, ou mais pobres, sempre tem algum tipo de problema com a chuva, mas a prefeitura não faz nada para resolver o problema.
Em Moema, bairro nobre em São Paulo, um morador de rua perdeu sua vida após forte tempestade, sem repercussão da mídia e sem prestação de serviços por parte do governo.
Nesse mesmo local, também neste ano ocorreu uma outra enchente e uma moradora do bairro de Moema perdeu a vida após ficar presa no seu próprio carro.
A mídia fez toda uma cobertura para o caso, entrevistas e matérias feitas no mesmo dia, o governo de São Paulo foi ao local, abriu mais alguns bueiros, limpou os já existentes além de fazer um pequeno jardim para ter absorção do solo quando tiver outras chuvas.
Casos completamente semelhantes e tratados com diferentes perspectivas, infelizmente o mundo tem se tornado cada vez menos nosso, o valor da vida foi banalizado por todos e o que define esses valores são nossa classe social.
Jean Rodrigues também informou, que após a morte da senhora, aconteceu uma movimentação dos moradores da região. A pauta da reunião era sobre colocar um aviso para pedestres e moradores que aquele local estava com riscos de enchentes. O desfecho da reunião tinha chegado em um acordo por não colocar nem um tipo de sinalização pois aquele ato iria desvalorizar os imóveis.
Existem limites onde a cidadania deveria ser o mais importante, os bairros da elite de São Paulo parecem ser todos os mesmos, preservando sempre os status.
Até em uma conversa informal com o padre, da igreja ortodoxa, Vladimir na rua Gaivotas ficou claro isso, quando perguntado sobre a distribuição de doações, esperávamos ter um feedback positivo já que naquela região, as pessoas têm mais condições e a resposta que recebemos foi oposta.
O bairro de Moema aparentemente tinha apenas uma pequena diferença. Os moradores tinham alguns bens materiais a mais, só que cada vez que nos aproximamos mais dessa “bolha social”, compreende-se que aparentemente as relações estão invertidas e podem até ser rico fisicamente mas são pobres de alma.
Só podemos ter certeza de uma coisa nessa cidade, as chuvas na terra da garoa continuarão caindo, as vidas dos menos afortunados possivelmente se esvaindo, enquanto os ricos, ficarão mais ricos.