Construindo segurança na Vila Andrade

Comunidade local se une e lidera ações para criar estratégias e reforçar a segurança no bairro.

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Veículos de segurança em vistoria pelo bairro.

Na Vila Andrade, distrito situado na zona sul da cidade de São Paulo, a vida cotidiana é marcada por uma população diversificada e uma história rica. Mas, como muitas áreas urbanas, a população continua enfrentando desafios de segurança em meio a um cenário alarmante. Em agosto de 2023, pelo menos 17 assaltantes invadiram um condomínio de luxo na região, deixando moradores amarrados enquanto roubavam veículos e pertences pessoais. E embora a quantidade de casos tenha diminuído 24% em relação ao ano passado, segundo a Secretaria de Segurança Públicas de São Paulo, a sensação de insegurança persiste na Vila Andrade.

O Mapa da Desigualdade, lançado anualmente desde 2012 e baseado em fontes públicas e oficiais, desempenha um papel fundamental na orientação da gestão e no planejamento municipal. Ele abrange uma ampla gama de indicadores das várias áreas da administração pública em todos os distritos de São Paulo. De acordo com a última publicação em 2022, a Vila Andrade se destaca em vários indicadores de segurança pública quando comparada à média de São Paulo. Por exemplo, o deslocamento médio para denúncias de violência contra mulheres na Vila Andrade é de 0,4, em comparação com a média do Estado de 0,7. No entanto, a região enfrenta desafios significativos, como taxas mais elevadas de homicídios, particularmente entre jovens (27,9 na Vila Andrade, em comparação com a média de São Paulo, que é de 16,1).

As autoridades locais e a polícia têm trabalhado para abordar esses problemas de proteção. Isso envolve a implementação de estratégias de policiamento comunitário, o aumento da presença policial em áreas críticas e o comparecimento de empresas privadas de segurança. Este último tópico desempenha um papel importante na manutenção do resguardo dentro dos condomínios residenciais.

Claudio Antonio de Moraes, um policial militar de 46 anos e atual proprietário da empresa de segurança denominada MS Prestadora de Serviços Ltda, conhecida pelo nome fantasia WRS Serviços de Segurança, compartilhou detalhes cruciais sobre sua atuação no setor de segurança privada durante a entrevista. Moraes descreveu uma típica jornada de trabalho em sua empresa, que envolve turnos de 12 horas de trabalho, seguidas de 36 horas de descanso. Durante essas jornadas, os profissionais assumem várias responsabilidades, incluindo o monitoramento de sistemas de segurança eletrônica, controle de entrada e saída de pessoas e veículos, atendimento de telefone e rádio, comunicação eficaz entre a equipe por meio de aplicativos como WhatsApp e o treinamento em situações de emergência, “Os colaboradores são treinados por meio de um profissional da área, podendo atuar, por exemplo, auxiliando no desengasgo de pessoas e até mesmo em ação de pronto socorrismo iniciando a compressão torácica até a chegada do resgate. E em situações de crise, tendo como exemplo uma invasão de infratores, acionar sirenes e ligar para o 190, procurar abrigo, evitando ao máximo de ser pego.”, conta Moraes.

A estudante de psicologia e residente da Vila Andrade, Carolina Ferrari, 19 anos, compartilhou suas preocupações com relação à segurança na região. Carolina mencionou incidentes recentes, destacando um caso em que um casal de seu condomínio foi assaltado, quase dentro das instalações, enquanto estavam realizando o reconhecimento facial nas catracas da portaria. Esse fato aconteceu mesmo com as medidas de segurança existentes. Carolina também enfatizou a importância de uma presença policial eficaz na região, especialmente em horários de grande movimentação, como durante a saída de pessoas para o trabalho. Ela resumiu a situação ao ressaltar: “É bom ter a segurança e a polícia rondando aqui perto, mas acho que deveria ter um aumento no número de rondas durante o dia.”

Em outra entrevista, Julia Tomita, 19 anos e estudante de engenharia ambiental, também é moradora da região e compartilhou sua experiência. Julia explicou suas percepções sobre sair para caminhar durante o dia, observando que ela segue rigorosamente as regras de precaução, como não usar fones de ouvido, manter-se atenta e andar rapidamente, enquanto evita expor o celular. No entanto, ela expressou uma preocupação significativa no período noturno sobre situações de assédio: “de noite, eu não saio pra caminhar de jeito nenhum.” E que “é muito, muito desagradável”, comentou.

Para enfrentar os desafios de segurança mencionados anteriormente, os moradores do bairro uniram forças e implementaram o programa Vizinhança Solidária da Vila Andrade (PVS). Essa tem sido uma iniciativa eficaz para combater a criminalidade na região. A polícia Militar estima uma notável redução de até 70% nos índices de criminalidade nos bairros onde o PVS foi implantado. Esse programa envolve uma série de medidas de prevenção primária, lideradas pelos moradores, com apoio ativo da Polícia Militar. Além das ações direcionadas à segurança, o grupo também tem incentivado iniciativas de moradores que visam melhorar a qualidade de vida na área. São os próprios residentes que contribuem com ideias e projetos que promovam um ambiente mais saudável e agradável para todos.

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