Santos, a cidade litorânea mais famosa do estado de São Paulo, vem testemunhando um fenômeno surpreendente nos últimos anos. Animais marinhos têm aparecido com frequência nas águas e costas da região, chegando ao porto da cidade e às orlas das praias. Esse fenômeno antes incomum, tem atraído a atenção de moradores e cientistas, gerando debate sobre o possível impacto deste evento na sociedade santista. Os episódios podem ser atribuídos a muitos fatores, incluindo as alterações climáticas, as mudanças nos padrões de migração dos animais e na disponibilidade de alimentos, além das melhorias na qualidade da água local.
Um dos casos recentes mais emblemáticos aconteceu no dia 21 de agosto de 2023, quando duas baleias-francas foram vistas no porto de Santos. De acordo com a Polícia Militar Ambiental se tratava de uma fêmea com seu filhote. O caso deixou os moradores e turistas encantados. O órgão ambiental também relatou que os animais estavam saudáveis e nadando normalmente e que assim que foi possível, os agentes os guiaram para o mar aberto novamente.
De acordo com André Luís Faccini, 55 anos, biólogo marinho, a presença de animais marinhos pode afetar a população, a depender das espécies que chegam. Se forem nativas, poderão aumentar a diversidade de predadores, caso estas espécies tenham potencial para serem usadas como alimentos. Porém, se forem topo de cadeia, exercerão pressão maior sobre populações de presas, modificando o tamanho de populações ao longo do tempo. Caso os animais sejam exóticos, a influência na biodiversidade local poderá sofrer maiores modificações.
Ele também cita que o surgimento desses animais em especial se o aumento de animais predadores, significa que a área está atendendo suas necessidades, ou seja, o aumento de animais evidencia uma possível melhora na qualidade dos ecossistemas locais. Comentando inclusive sobre como ficariam as atividades locais com o aumento da presença desses animais, como, peixes diversos iriam ajudar em quem tiver interesse comercial, ser pescados para consumo. Mas, golfinhos e lobos marinhos são predadores, portanto poderiam não ser bem quistos por pescadores. Quanto ao turismo, o biólogo não vê um aspecto negativo e sim positivo, pois a presença de vida marinha reflete ou passa a ideia de um ambiente mais saudável.
Para a moradora Elaine Cristina, 53 anos, os morados da baixada não estão acostumados a ver esses animais e, pela curiosidade, podem querer chegar perto. “Dependendo do animal, ele pode ser agressivo e causar um acidente, por outro lado, é lindo de se ver, que acaba encantando os santistas, trazendo esperança e alegria para alguns e acima de tudo é um momento muito interessante também por ser algo muito difícil de se ver no dia a dia.”