A tia que virou mãe

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Lucas Leão

Localizada em Santana, na Rua Jovita, 490, zona norte de São Paulo, está a Associação Tia Marly, um lar de 15 crianças e adolescente órfãos ou que não possue

O estado de São Paulo possui cerca de 164 mil Organizações Não Governamentais (ONGs), e cerca de 9 mil crianças em abrigos, e infelizmente estes meninos e meninas são auxiliados, em sua maioria, apenas de forma voluntária. A Associação Tia Marly é um exemplo dessa casa na zona norte da capital metropolitana e que atualmente comporta um total de quinze meninos e meninas desde o seu nascimento até a conclusão dos seus dezoito anos. Não diferente da maioria, é também uma ONG que depende de doações e voluntários para que consiga continuar com o projeto auxiliador de menores de idade. 

Fundada em 2009 por 27 amigos que procuravam tornar a ideia em realidade, a casa era alugada, a princípio, e com o decorrer e estabilização do projeto, hoje em dia eles possuem de fato a casa e contam com 20 funcionários, dentre eles assistente social, psicólogo, coordenadora, educadores, cozinheira, auxiliar de cozinha, auxiliar de captação e auxiliar de serviços gerais. Uma das pessoas que compõem a equipe hoje em dia é a Vanilde Aparecida Machado de Santana, 64, uma mulher aposentada e que começou a trabalhar lá antes da pandemia da Covid-19 começar, em 2020. Desde lá, vai regularmente duas vezes por semana ao abrigo, ficando em torno de seis horas tomando conta dos jovens. “É fundamental essa casa para eles, porque aqui eles têm o acolhimento necessário, a gente procura aplicar a dedicação como se eles tivessem na casa deles mesmo”, explica Vanilde. De acordo com ela, a sensação de cuidar dessas crianças é quase inexplicável e relaciona o seu comprometimento com a ONG com a sua vida de aposentada, contando com o fato do tempo que teria disponível e dos seus filhos, que já são adultos.

A casa tem uma filosofia pautada no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), oferecendo a todas as crianças e adolescentes uma convivência familiar, social, acesso ao esporte, à educação, à cultura, ao lazer, e de modo geral, fornece o direito de exercer a cidadania. Porém, a realidade brasileira de crianças em lares adotivos é a de que se ela não for branca, se tiver irmão, portar deficiência física ou cognitiva e tiver acima de 12 anos, dificilmente encontrará uma família adotiva, pois não é o que os pais que vão à essas casas procuram.

A Tia Vani (como é chamada dentro do abrigo), contou que a relação fraterna que os funcionários desenvolvem com as crianças é essencial para o desenvolvimento de cada indivíduo que passa não só pela Associação Tia Marly, mas qualquer outra casa adotiva. Também relatou a parte difícil dessa relação, que foi um caso de um menino que ela se apegou muito e tratava como um suposto neto, tal qual chegou com apenas dois meses de idade e foi adotado no mês passado por um casal. “Eu acho que eles não têm o apoio governamental necessário, apesar das doações de famílias e arrecadação de bazares, as crianças de lares adotivos não recebem a atenção necessária do governo”, diz Vanilde. 

A Associação Tia Marly não recebe nenhum tipo de ajuda governamental, se mantendo apenas de doações financeiras, de fraldas, alimentos e roupas, que também beneficia o bazar que eles promovem. Esse bazar ocorre durante todo o tempo de funcionamento da casa, ou seja, de segunda-feira à sexta-feira, das 8h até as 17h, e aos sábados e domingos das 9h até 13h.

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