A história que guarda o museu

0
41

A história que guarda o museu

Local escondido em Embu-guaçu conserva as origens da cidade e até mesmo elementos da cultura de outros países

Por, Vinícius Lucena.

Entrada do museu municipal Abraham Svartman Goltman

“Moro no Embu-Guaçu desde que nasci e nunca nem ouvi falar que a cidade tinha um museu”. É o que diz Renan Afonso, 25, psicólogo clínico, sobre o Museu Municipal Abraham Svartman Goltman. A instituição pouco conhecida de moradoras e moradores carrega a história de Embu-Guaçu, cidade localizada na região metropolitana de São Paulo e que está beirando 60 anos da emancipação de Itapecerica da Serra.

Com uma população de 66.970, o município oferece algumas opções de lazer para as pessoas como as praças da cidade, quermesses, feiras gastronômicas e o Parque da Várzea. Porém há poucas opções para poder conhecer a origem do município e sua história um lugar pouco conhecido e escondido, em Embu-Guaçu.

O local está na entrada da cidade, na Rodovia José Simões Louro Júnior. As pessoas que cruzam por ali diariamente, muitas vezes nem veem a casa antiga, rodeada por plantas na beira da estrada. Luísa Souza, 19, estudante de enfermagem, passa pela rodovia todo dia para ir à faculdade, mas relata nunca ter percebido o museu. “O local é bem escondido, nunca reparei que tinha um museu ali, na verdade. Nem parece que está ali, sei que tem uma madeireira e uma distribuidora de gás, mas um museu eu não sabia”.

O museu municipal Abraham Svartman Goltman, leva o nome do dono da casa. Romeno nascido em 1922, Svartman se mudou para o Brasil em 1955. No ano de 1962, comprou um terreno de 60 mil m² no município, e lá inaugurou uma das primeiras indústrias da região, a Palquima – Indústria Química Paulista LTDA.

Desde então, o estrangeiro começou a morar na casa ao lado da antiga fábrica, que um dia tinha sido do casal Emília Pedrozo de Moraes e José Pires Albuquerque. Construída em 1867, a casa de taipas, erguida com mão de obra escrava é hoje o museu da cidade. Na época do Brasil Imperial, a região do Embu-Guaçu servia como alojamento e armazém para o abastecimento das tropas do capitão Manoel José de Moraes, pai de Emília.

O local tenta conservar as histórias sobre a origem do município, desde os primeiros tijolos feitos na própria cidade.

No interior da casa, uma infinidade de artigos conta a história das primeiras famílias que criaram e povoaram o local, como os alemães Reimberg e Schunck. Obras Astecas, são vistas ao lado de moedas históricas e pinturas espanholas, da época da ditadura fascista de Francisco Franco. Abraham era casado com Gladis Violeta Morgavi Alcaine de Svartman. Eles se casaram no Uruguai. Ambos viajavam para muitos países e de cada experiência, traziam obras artísticas e objetos das diferentes culturas que conheciam. Os mesmos objetos estão, até hoje, conservados no museu da cidade.

No local, há também registros do que seria um marco para o desenvolvimento de Embu-Guaçu, o início da estrada de ferro Sorocabana. A linha, que começava em Mairinque e descia a serra rumo à Santos, tinha um trajeto de 64 mil quilômetros. Em 1934, foi construída a estação de trem na cidade, que ainda carregava o nome de M’boy-Guassu. Até hoje, a cidade é cortada por essa linha férrea Rumo/América Latina Logística.

 

Segundo Élcio Tadeu, 62, historiador e caseiro do museu, é muito importante que a população conheça as raízes do lugar. “Quem não conhece fica alienado. E a real importância da história e origem da cidade, acaba caindo no esquecimento popular”. Uma das principais razões para que este lugar tenha caído no ostracismo, é a falta de investimento e propaganda no local. A prova disso está no próprio desconhecimento da população sobre o museu.

 

 

De acordo com o historiador, há dias em que ninguém os visitam e quando existe mais movimentação, os visitantes não chegam a 10. “Realmente, tem dias que não tem movimento, falta muita divulgação do local para a população da cidade”, lamenta Élcio Tadeu. Periodicamente, a casa recebe grupos escolares do ensino fundamental, uma tentativa da secretária de educação do Embu-Guaçu para promover o museu. Mas as visitas ainda são insuficientes para mobilizar as pessoas a visitarem com frequência o local.

 

 

 

O terreno sofre certo assédio para que outras coisas aconteçam ali, já tentaram construir um campo de futebol e outros estabelecimentos no terreno. Mas o senhor Élcio disse que plantou uma muda da árvore Pau-Brasil para preservar o espaço e impedir que a prefeitura modifique ainda mais a estrutura original do museu municipal, que ainda sequer é um patrimônio tombado da cidade.

A Secretaria da Educação do Embu-Guaçu, que é a responsável por cuidar e auxiliar o museu, foi procurada para fornecer dados e estatísticas sobre as verbas públicas destinadas à manutenção do Museu Municipal Abraham Svartman Goltman, além de quais os projetos para que o local seja mais visitado. Porém, até o fechamento desta matéria, não houve resposta. Nos planos de governo dos candidatos à prefeitura da cidade, também não há nenhuma proposta de melhorias para o local.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui