Com a proximidade das eleições municipais, previstas para o dia 6 de outubro, as bandeiras e os panfletos se tornam cada vez mais presentes no dia a dia dos moradores da cidade de São Paulo. Com isso, aparecem também as dúvidas. A população se questiona quando o assunto é qual candidato escolher para representá-la durante os próximos anos. Um dos tópicos mais comentados abrange as obras inacabadas.
No bairro Jardim São Luís, localizado na zona sul de São Paulo, essa questão se tornou ainda mais relevante, à medida que as eleições se aproximam e os moradores buscam respostas. O bairro possui, atualmente, várias obras em andamento, com destaque para as que acontecem na Rua Geraldo Fraga de Oliveira e na Avenida Maria Coelho Aguiar – duas rotas de grande relevância para os moradores do bairro que utilizam dos trajetos para cumprir com os seus compromissos e trabalhar.
A iniciativa é de responsabilidade da SIURB (Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras), da Subprefeitura do M’Boi Mirim e tem custo aproximado de R$ 78,1 milhões. O objetivo das obras é diminuir os alagamentos da região, por meio da ampliação do Córrego São Luís. As mudanças, embora necessárias, causaram dor de cabeça aos moradores que vivem na região, que tiveram que lidar com os períodos em que as obras ficaram paralisadas e com os prazos de entrega sendo constantemente adiados.
Gustavo Podolski, que trabalha como DJ e é morador do Jardim São Luís, destaca que a obra já interferiu em várias situações do dia a dia. Ele afirma que a obra parece favorecer apenas os moradores dos prédios que estão sendo construídos nos arredores. “A obra não teve atenção da prefeitura, e só está favorecendo a quem vai morar nos prédios que estão sendo construídos aí embaixo”, diz, se referindo a construção de dois edifícios residenciais da construtora Vinx, que acontecem na mesma avenida em que as obras pluviais.
As obras deveriam ser entregues até o início de 2024 e, para isso, adotaram como medida o método conhecido como “tunnel liner”, que é quando as escavações acontecem diretamente no subsolo, sem a necessidade de interdições de ruas e avenidas. No entanto, mesmo após a iniciativa, as construções causaram impactos e alterações nos itinerários de ônibus que transitam todos os dias pelo local. Quando há aumento da vazão do córrego, por exemplo, o trânsito fica mais carregado. Em maio, a SPTrans anunciou a mudança temporária no trajeto dos ônibus, tendo como principais linhas afetadas, a 609F/10 Chác. Santana – Term. Princ. Isabel, 609F/21 Chác. Santana – Anhangabaú e 6505/10 Term. Capelinha – Term. João Dias. Atualmente, mesmo após a liberação das faixas que foram bloqueadas durante as escavações, os itinerários mantêm as alterações feitas no começo do ano e o tráfego, principalmente na rua Geraldo Fraga de Oliveira, ainda não está normalizado na maior parte das linhas.
Guilherme Santos, criador de conteúdo digital, posta vídeos na internet sobre o trajeto que faz de moto pela cidade. Segundo ele, a aceleração das obras pode ter se dado pela falta de funcionários, em um certo período das reformas. “Essa obra está super atrasada, sempre quando terminam uma parte, voltam para refazer”. Já Gustavo Podolski, acredita que a aceleração das obras está ligada às eleições. “Com certeza, é óbvio”, diz o DJ sobre a relação com o período eleitoral.
Em 2023, a Prefeitura estimou que a obra iria gerar até 1.400 empregos diretos e indiretos, e que a extensão do novo túnel para passagem das águas seria de aproximadamente 1.400 metros, com diâmetro que varia entre 2,4 e 2,8 metros.
As obras pluviais ainda estão em andamento, mesmo após o prazo estipulado pela Prefeitura estar estourado. A Subprefeitura do M’Boi Mirim, encaminhou o pedido de contato para a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SIURB) que é responsável pela obra, que se pronunciou, dizendo que o cronograma precisou ser alterado, devido às interferências encontradas durante as escavações, e que, dos 1.400 metros de novas galerias previstos, 1.265 já foram concluídos, enquanto que os outros 135m restantes seguem em andamento até o novo prazo, previsto para novembro de 2024.