Desde o dia 21 de novembro de 2021, o aeroporto de Guarulhos (SP) tornou-se um campo de refugiados improvisado. As pessoas que esperam ali a regularização de sua situação migratória vêm de diversas partes, mas principalmente do norte de África. Em uma recente atualização feita pela prefeitura de Guarulhos, no dia 25 de setembro deste ano, 75 afegãos aguardam por acolhimento. A cidade a qual pertence o aeroporto, possui 257 vagas para acolhimento de refugiados e migrantes em Unidades de Acolhimento Institucional Adulto para Migrantes, entretanto, todas estão ocupadas.
A prefeitura da cidade busca por moradia temporária com melhores condições, fornece alimentação, cobertores e tem dado todo o amparo que as famílias precisam. Além disso, auxilia os imigrantes a regularizarem seus documentos, por meio do Posto Avançado de Atendimento Humanizado aos Migrantes, responsável por cuidar de toda a logística do dia a dia dessas pessoas.
O terminal 2 se tornou um refúgio temporário para quem tenta estabelecer uma vida no Brasil. É entre os check-in B e C que as esperanças e os sonhos se misturam com a incerteza e a saudade. Em conversa com Tainá dos Santos, 20 anos, atendente da lanchonete Rei do Mate, em frente ao local de descanso dos afegãos, ela conta que muitos deles migram para outros países, mas acabam voltando para o Brasil que, segundo eles mesmos, é menos preconceituoso..
De acordo com o Secretário de Desenvolvimento e Assistência Social da cidade de Guarulhos Flávio Cavalcante, 33 anos, a cidade de Guarulhos tem feito de tudo para ajudar essas famílias, apesar de lidar com a situação apenas de forma emergencial. Ele defende a demanda da cidade ao Governo Federal de que Guarulhos se torne uma “cidade fronteira”. O status serve para que o município consiga acessar recursos em situações como essas. Por mês, chegam ao Brasil cerca de 100 pessoas buscando por uma nova oportunidade no país. Desde que tudo isso começou, o Governo Federal já emitiu 17 mil vistos humanitários. No entanto, segundo Flávio, “não adianta emitir os vistos e não interiorizar e distribuir essas famílias pelo país.”
Omar Ennouhassi, de 48 anos, é marroquino e contou um pouco da sua história, com ajuda de aplicativos de tradução no celular: “o Brasil é um país muito grande e bonito, mas no meu país tenho casa própria, esposa, filhos e que vivo muito melhor do que aqui. Em meio a toda essa situação Omar tem a esperança de voltar ao seu país e se juntar a sua família novamente. Apesar de todas as adversidades, a esperança é a essência das conversas com os imigrantes que aguardam uma oportunidade, nos corredores do aeroporto.
Por: Julia Costa