Camelô vira profissão comum em Santo Amaro

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Camelô vira profissão comum em Santo Amaro

Alex Gabriel dos Santos

O bairro de Santo Amaro, em São Paulo é uma das regiões que mais conta com a presença de pessoas vendendo produtos nas ruas, os chamados camelôs. Eles estão mais situados na área do Largo 13 de Maio, ao lado da Estação Santo Amaro, o local onde surgiu o distrito de Santo Amaro.

Todos os dias nesta área de Santo Amaro, diversos camelôs montam suas barracas e procuram vender os mais diversos produtos para as pessoas que passam pela rua. Vendem desde camisetas, calças, tapetes, comida, ou até mesmo itens eletrônicos como barbeadores, fones de ouvido e brinquedos movidos a pilha.

Pelos mais diversos motivos essas pessoas acabaram tendo de trabalhar como camelô. Fábio Lima, 52 anos, começou a trabalhar como camelô em 2016, depois de ter começado a ter dificuldade de encontrar oportunidades de trabalho formal. “O mercado de trabalho é muito complicado, e depois que você está no mercado informal você se acostuma com ele e não quer sair mais”, diz.

Assim como vários outros camelôs, apesar de ele ter começado a trabalhar por falta de oportunidade no mercado formal, ele gostaria de trabalhar como CLT, mas por conta de outros motivos, ele continua na rua. “A maioria aqui, se tivesse a oportunidade de trabalhar formalmente, trabalharia”, diz. “Mas a maioria tem escolaridade muito baixa, qualificação não tem, então acaba indo pra rua”.

Fora a qualificação baixa, outro motivo que acaba fazendo com que várias pessoas continuem trabalhando como camelôs, desde brasileiros que já tentaram o mercado formal, até estrangeiros que vieram ao Brasil em busca de melhores oportunidades de vida, é o salário de empregos formais, que geralmente acaba sendo baixo e menor do que o dinheiro ganho vendo produtos como camelô. “A gente prefere a CLT, mas o salário é muito baixo pra quem não é qualificado, aí acabamos ganhando muito mais aqui na rua”, diz.

Astério Oliveira, 59 anos, começou a trabalhar como camelô há mais 20 anos

Por outro lado, também existem pessoas que trabalham como camelô e não procuram mais um emprego formal por decisão própria. Astério Oliveira, 59 anos, trabalha como camelô há mais de 20 anos, e começou a trabalhar na rua depois de perder o emprego. “O desemprego aumentou, aí eu não pude ficar esperando, então tive que partir pra trabalhar como camelô”, diz.

Depois de anos trabalhando na rua, ele acabou se acostumando com o trabalho informal de camelô. Parte do que fez ele se acostumar com o trabalho foram os clientes que sempre passam pelo seu comércio. “Os clientes sempre vem, todo dia sempre eles lembram da gente, estão sempre presentes e sempre vem comprar alguma coisa”, diz. “Eu já me acostumei a trabalhar de camelô”

Por ter se acostumado com a profissão e por ainda ter que arcar com custos de vida, ele decidiu se manter trabalhando de maneira informal como camelô, não tendo mais intenção de ingressar no mercado formal, assim como várias outras pessoas que também trabalham na rua. “O desemprego está grande, então muita gente tá aqui pra não ficar parado o dia todo, pois tem as despesas do dia a dia”, diz. “Todo mundo foi aqui pra trabalhar, pra vender alguma coisa pra ganhar dinheiro.”

As pessoas que trabalham como camelô geralmente acabam entrando neste tipo de trabalho por conta do desemprego que de tempos em tempos assola o mercado de trabalho formal. O mais recente pico de desemprego no país foi em 2020, durante a pandemia, com uma taxa média de 13,5%, segundo um levantamento do IBGE.

Essa situação acaba fazendo com que o número de camelôs aumente de maneira gradual com o tempo, e apesar de a prefeitura de Santo Amaro realizar operações com o objetivo de retirar estes trabalhadores da ilegalidade, eles ainda passam por dificuldades ao tentarem ingressar no mercado de trabalho formal, o que não impede que eles tenham de voltar ao trabalho informal no futuro.

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