Estabelecidos na Maria Antônia desde 2021, Jonathan conhece a gerente do Tusp (Teatro da Universidade de São Paulo) e por isso montou sua residência na calçada do anexo do teatro, onde vive até hoje com sua companhia canina, Ferrari White. “Cheguei só com o colchão e hoje eu tenho tudo que tenho por bençãos de Deus e as pessoas que me ajudam”, conta. Os móveis de sua sala de estar, como os sofás, o tapete e a mesinha de centro foram resgatados da rua, e também por doações de moradores próximos que estão de mudança. Chegou até a ganhar uma televisão de um “doutor”, segundo Jonathan.
Aos 31 anos, Jonathan Henrique Penna Pereira, natural da zona sul de São Paulo, está em recuperação depois de um período de adicção a substancias químicas e pretende sair das ruas logo e buscar uma vida diferente, assim que conseguir um novo trabalho. Vendendo doces e guloseimas, Jonathan conta que gosta de trabalhar ao ar livre e para ele mesmo, além de poder se comunicar com aqueles que encontra no dia a dia. “Sou muito grato às pessoas que passam por mim, me elogiam e me cumprimentam”, diz ao expressar sua gratidão por todo o auxílio que recebe das pessoas que por ele passam diariamente. Ele conta ainda que ser o “ícone da Maria Antônia”, como apontou o jornal-laboratório Maria Antônia, dos alunos de jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, é gratificante e o torna uma pessoa melhor: “através do amor que as pessoas têm por mim, eu vou mudar minha vida.”
Mas qual seria a história de Jonathan e de Ferrari White? “Ela é meu amor, sou o papai coruja dela”, afirma com um grande sorriso no rosto ao contar sobre sua companheira. A cachorrinha foi uma doação da faxineira do Soho’s Place, a praça de alimentação que fica também na rua Maria Antônia e onde Jonathan vai para se alimentar, no horário do almoço. Antes dela, outro companheiro fez parte de sua vida: Ferrari Black, um labrador preto. Certo dia, conta ele, voltando do banho em um hotel próximo, Jonathan viu que Ferrari Black não estava mais em sua residência e que havia sido levado. A perda o deixou muito triste, fazendo-o sentir falta de seu companheiro. Comovida com a tristeza de Jonathan, uma funcionária do Soho’s então lhe deu, em fevereiro, uma filhotinha de 2 meses de sua cachorrinha: a quem ele batizou de Ferrari White, em homenagem ao seu primeiro cachorro.
“Ela é diferente, uma cachorra charmosa, bonita e é a mascote do Mackenzie”, fala Jonathan sobre a alegria que a Ferrari White trouxe a sua vida. A vira-lata caramelo ganha, assim como seu tutor, brinquedos e mimos, tendo também uma barraquinha própria para brincar. Com a ajuda comunitária de seus padrinhos e madrinhas do Mackenzie, como conta Jonathan, Ferrari White foi castrada por uma ONG recentemente e que recebeu todas as vacinas necessárias. Ao falar sobre sua companheira, Jonathan afirma que estar ao lado de um animal lhe traz grande felicidade e que Ferrari White é um grande amor em sua vida.
Por Mayra Oliveira
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