Em julho deste ano, o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, confirmou a intenção de realocar a cracolândia para as imediações do distrito do Bom Retiro, na região central norte da capital paulista. O local, que já é conhecido pelos índices de furtos, enfrenta novo cenário que pode agravar a situação.
Detentor de uma herança patrimonial, o bairro do Bom Retiro tem como o motor principal de sua economia o comércio de roupas. Desde o final do século XIX, o bairro é conhecido por aderir às culturas estrangeiras, sendo que primeiro chegaram os imigrantes italianos, depois os judeus e, atualmente, a comunidade sul-coreana é dominante no distrito.
Por também ser conhecido como um bairro comercial, o Bom Retiro atrai alguns delitos. De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, houve, em 2022, 3.818 furtos no local, além de 1.100 roubos. O cabo da polícia militar Thiago Camargo, 41, corroborou com os dados ao comentar: “Nossa principal preocupação aqui no bairro são com os furtos, principalmente se tratando de comércio”. Próximo à estação da Luz, o COPOM (Centro de Operações da Polícia Militar do Estado de São Paulo), é quem lida com a maior parte dessas denúncias.
Segundo levantamento do portal R7, nos dois primeiros meses de 2023, o Bom Retiro figurou entre os 10 bairros com o maior número de furtos de celular. O mesmo estudo aponta que 40% desses crimes ocorreram durante o período da tarde, em que os moradores estão retornando para casa.
Com a mudança de localidade da cracolândia, hoje já se pode registrar um aumento significativo de pessoas em situação de rua. O medo da população se deve à imprevisibilidade das ações dos realocados no cotidiano do lugar. Em contrapartida, mesmo com as aproximações recentes dos usuários de drogas, o soldado Camilo Dantas, 29, afirma que o quadro de pequenos delitos ainda não teve alteração, mas deixa um alerta: “Por enquanto está tranquilo, principalmente aqui no interior do Bom Retiro, mas ao chegar próximo das estações, fica mais complicado”.