Nos últimos anos, a Mooca testemunhou um crescente número de pessoas sem-teto, uma realidade que tem desafiado as autoridades locais, organizações da sociedade civil e moradores da região. O fenômeno não é isolado e reflete uma tendência preocupante que se estende por toda a cidade de São Paulo.

Camila Gabriela Aparecida Ribeiro, vendedora no bairro da Mooca.

“Com certeza, aqui na Mooca a gente não tinha muita gente moradora de rua.” relata Camila Gabriela Aparecida Ribeiro, que trabalha como vendedora no bairro. “Lá pra Paz de Barra, as avenidas lotaram, chegou muita gente”, disse.

De acordo com os dados do Censo da População em Situação de Rua, realizado pela Prefeitura de São Paulo, a subprefeitura da Mooca apresentou a maior expansão nesse indicador. O crescimento foi significativo, alcançando 170%: em 2019, havia um registro de 1.419 pessoas vivendo nas ruas na região, enquanto agora esse número aumentou para 2.254.

As razões por trás desse aumento são multifacetadas. A crise econômica e o desemprego afetam muitas famílias, levando à perda de moradias e à busca desesperada por abrigo. O aumento dos preços dos aluguéis e dos alimentos também contribui para a pressão sobre os vulneráveis. “Na região da Zona Leste toda, mas, principalmente aqui na Mooca, teve um aumento absurdo. Das coisas, o aluguel, os alimentos. Foi demais”, explica Camila.

André Soler, fundador da organização não-governamental (ONG) SP Invisível, já veio a público ressaltar que essa migração populacional pode ter sido desencadeada pelas intervenções policiais na Cracolândia. Enquanto ações repressivas ocorrem naquela área, a Mooca parece ter se tornado um destino alternativo, onde tais medidas não estão sendo aplicadas. A ONG SP Invisível, comprometida em dar visibilidade a essa população marginalizada e mudar as percepções da sociedade sobre ela, observa de perto esses movimentos migratórios.

A falta de políticas públicas eficazes para enfrentar essa crise só agrava a situação. Os abrigos existentes estão operando em capacidade máxima, incapazes de atender a demanda crescente. Nas palavras de Camila Gabriela, “eu diria que eles continuam lá, largados, e é isso. Só aumentando.”

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui