Empurrando o carrinho da esperança por Perdizes

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Clélia Maria vendedora da saída do metrô Sumaré enfrenta as adversidades com alegria

 

Saindo da estação da Sumaré, na linha verde do metrô, você esbarra com a simpatia de Clélia Maria da Conceição, que recebe seus clientes, ou como prefere chama-los, “amigos”, com um sorriso de orelha a orelha e com um bom dia que de fato deixa o seu dia bom.

Na hora da entrevista, havia uma mulher sentada na sombra da barraca da Clélia. E a relação aparentava ser mais de amigos do que de vendedor e freguês. A amiga em questão se chama Angela Meiro. Ela comenta um pouco sobre essa relação. “Trabalho aqui na região já tem 14 anos e sempre a via na porta da estação. Mas que a gente começou a se falar e ficar amigas mesmo vai completar seis anos. Eu vinha com a minha filha pra deixar e buscá-la na creche, e uma vez me deu na telha de comprar uma balinha, aí eu vim aqui, e desde então, virei amiga e cliente fiel dela.”, afirma.

Clélia menciona que apesar de toda a alegria e o bom humor do trabalho, acontecem muitas tragédias, sendo elas propositais, ou acidentais. “A gente vive aqui tentando tirar o melhor das pessoas, mas sabe como é né? Muita gente morre de moto aqui em frente. E tem muita gente pulando da ponte aqui em frente, e é sempre tudo muito trágico”, disse Clélia. A rua em questão é a Oscar Freire, que é muito movimentada por veículos e pessoas que entram e saem do metrô. E em uma das calçadas tem uma ponte.

No carrinho da Clélia, tem doce, salgadinho, amendoim, um freezer para bebidas, café, bolo. Ou seja, um carrinho enorme. Ela trabalha com esse mesmo carrinho há mais de 20 anos. E pelo tamanho do carrinho surge a dúvida de como ela faz pra ir e vir “Eu venho aqui nesse mesmo ponto desde 92, empurrando esse mesmo carrinho, para ir e voltar, chego aqui às 3h40, e só saio daqui às 19h, e pra mim não tem tempo ruim, pode estar chovendo, neblina, trovejando, ou o sol de rachar, venho todo dia nesse mesmo horário”, disse Clélia.

Ela sai da rua Capote Valente, que fica a cerca de um quilômetro. Empurrando o seu carrinho com esperança e um bom humor que não cabe em Perdizes, não é qualquer um que larga mais de 16 horas só para ter o que comer, e ainda assim tirar proveito de tudo isso.

A Clélia é uma baiana, que chegou aqui em 1992, e veio sozinha, deixou uma filha e a família inteira pra trás, só pra tentar ter uma vida melhor. Planeja se aposentar em alguns anos e voltar pra Bahia, onde deixou a família.

Clélia Maria da Conceição

 

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